14 de dezembro de 2010

Nowhere Boy

Toda segunda é dia de cinema para mim, mas ontem foi diferente. Depois de longas semanas distante do Embracine – já que a empresa insiste em se tornar comercial, em detrimento do circuito alternativo – resolvi conferir a programação na net... assim como quem não quer nada. Era nove e quinze, tinha acabado de concluir uma aplicação de SWOT no artigo científico da minha priminha querida, quando me deparei na tela do laptop com o título bombástico em cartaz às 21h50. Sem raciocinar que seria impossível chegar à sessão há tempo, parti em retirada, corri 4 quarteirões, cheguei em casa, troquei o pisante, dei umas borrifadas generosas de perfume para disfarçar a catinga que o suor da corrida deixara, peguei um agasalho, pois sempre passo frio nas sessões, celular, carteira e quando chego no ponto, o ônibus está parado para embarque como se me esperasse, foi mágico! Às 22h eu adentro na sala 4 ofegante e como se não bastasse a maratona que havia enfrentado me deparo com a mesma cena, a mesma taquicardia, a mesma juventude afoita de John, repleta de incertezas... Tá bem! Um pouco mais jovem diante do meu um quarto de vida abundante. Foi até certo ponto difícil reencontrar o equilíbrio novamente, mas o garoto de lugar nenhum me completaria de tal forma que neste ano não verei mais nenhum blockbuster, para levar na lembrança esse filme sutil, leve, com uma pitada melodramática, mas marcante na minha história, neste dia e na reta final deste ano. Compreendo que relações humanas são mais confusas do que parecem, já pensou num triângulo amoroso que envolva afeto maternal e não amor sensual? Pois bem, é possível e nosso John, nosso majestoso Lennon sentiu na pele esta experiência maluca, enfrentou da maneira mais inusitada. Sempre transgressor encarou uma adolescência conturbada e apresentada neste filme com ares de crônica. Pouco antes de subirem os créditos, me recomponho com a ausência daquela que deveria ser a música-tema, mas magistralmente arremata a obra fugindo do didatismo: Mother. Assistam O Garoto de Liverpool. A crítica do espetáculo do FDS foi adiada por esse motivo mais que justificável, entretanto fica dica: Perfume de Açougue. E confiram o próximo post para chocarmos opiniões.

Por Alencaragão

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